domingo, 3 de fevereiro de 2013

MANIFESTO DO GRUPO UOX URBIS


É preciso que a sociedade e a “instituição arte” pense o artista como trabalhador, mas antes, que o artista pense a si próprio como trabalhador - um trabalhador muito particular, um produtor de esteses, de caráter inquieto, curioso e avesso a acomodação. Um trabalhador que aponta novos caminhos, desvela contradições, propõe reflexões, põe à luz opacidades, recompõe o sujeito. Capaz de transformar a realidade através do seu próprio trabalho – como todo trabalho é - o artista, mais além, assume a sua condição de “antena do mundo” e deflagra “guerra” ao sistema, onde sua arma é a arte. Este artista se vê envolvido em luta permanente com a sociedade e a “instituição arte” que por sua vez sempre buscam trazer o artista para formas canônicas de representação - gostos e estilos historicizados e preservados por grupos sociais dominantes.

O artista sabe – ou deveria saber - que a representação em geral é uma forma de ação política que não se desvincula jamais das condições materiais e históricas dadas. A velhas formas de representação: de uma arte “inocente”, a-histórica, transcendental, intuitiva, subjetiva - herança do individualismo burguês - já não mais se sustentam. O artista é consciente do seu trabalho, que produz por um processo sempre refletido e objetiva uma arte que quer a divergência, quer ser a tudo antagônica, sendo em tudo alternativa ao estabelecido, sendo em tudo luta. Ao invés de aceitação, ajustamento, efeito, formação, reprodução. Uma arte desse tipo deverá ser, necessariamente, não encomendada. Arte que propõe esteses e que ao mesmo tempo produz conhecimento capaz de transformar a realidade.