A arte é efêmera nas ruas porque a própria cidade, com sua ordem que requer abandono, é efêmera. A paisagem urbana é efêmera pois na cidade não permanecemos, apenas passamos. E nessa passagem surge também uma arte da passagem. Uma arte que, quando vista, toca o observador esteticamente e a coloca imediatamente em seu malote mental. Toda permanência é morte.
Ocupar o espaço abandonado é dar significado a esse espaço, outrora vazio de sentido – ou melhor dizendo, espaço onde o sentido não cabe, não têm relevância -, visto que abandonado. Quando notada, a arte urbana é acolhido pelo observador pelo que ele significa no contexto da intervenção. A cidade é previsível na sua forma, por isso também o abandono. O que é previsível, comum, banal, não vale ser apreciado. A arte urbana é o imprevisível no previsível, tornando-o agora imprevisível enquanto lugar de produção de sentidos.